Paradoxo: Quem toma as decisões sobre o futuro das crianças em sua casa? Série etnografia digital

 Quem toma as decisões sobre o futuro das crianças em sua casa? 

Série etnografia digital



Obediência e insegurança passou a ser uma característica das crianças "bobonas" nas famílias?

Fazendo uma divulgação porta a porta do meu novo curso "Oratória e Escrita Criativa" ouvi a seguinte frase de um pai amigo e professor que me deixou com uma "pulga atrás da orelha". 

Ele falou impulsivamente: __ Meu filho é que sabe! 

Ele  se deu conta da resposta, pediu desculpas e nos despedimos. Fiquei muito triste por dois motivos: 

  • por ele ter ficado sem jeito depois que se deu conta da resposta 
  • por eu não querer o filho dele como aluno. 

Meu público-alvo deve ser de crianças e adolescentes disciplinadas e obedientes, exatamente por saber como é difícil falar bem em público. Interessadas. Criativas. Legais. Não reizinhos que acham que sabem decidir tudo. 

Estabeleço uma relação de confiança e discrição. 

Mas entenda os meus motivos:

  • O produto do curso começa a ser delineado com um assunto que interessa ao meu cliente, ele deve manter uma fidelidade de seis meses e virar praticamente um pesquisador do tema que escolheu
  • Montaremos um modelo de negócio da área "Conhecimento e Humanidades"
  • Até o final, produziremos um e-book com ficha catalográfica, ISBN e código de barras.

Ou seja, será que meu público é de crianças "bobonas", como eu fui na minha infância, meus irmãos e vários colegas que são amigos e amigas até hoje? Todos nós, que fomos bobões hoje, somos adultos legais e que tem um equilíbrio na vida nas dimensões mais importantes: espiritual, mental e emocional.

Em tempo, ser bobão na nossa época era não ter resposta para tudo, nem na ponta da língua. A gente podia ser inseguro. A mãe da gente não dava tudo que queríamos por que previa as etapas de crescimento, via bem à frente, tinha de planejar o nosso futuro. 

E, além disso, a coitada tinha de dar conta de tudo na casa e ainda amar a gente:



 Éramos introvertidos. E sabíamos que poderíamos confiar nos adultos que nos criavam e educavam. Roupa não tinha como escolher, pois as famílias eram enormes e passavam de uma irmão para outro. 

Mas a questão aqui, não é voltar no tempo. Trabalho com tecnologia e não me acho melhor do que ninguém, pelo contrário, gostaria de ficar menos diante da tela, principalmente por que trabalho remotamente. 

Tenho lido mais romances. Voltei a colorir. Fico brincando de cantora em um aplicativo de karaokê chamado "Smule", tenho um projeto de áudios em outro aplicativo chamado "Anchor", brinco com "avatares"..., portanto, meu problema nunca será tecnologia. Dou aulas para adultos migrantes digitais. Gosto de tudo que faço, mas 

Até a minha área de formação mudou, nas ciências sociais falávamos de etnografia, agora até ela é digital. É! Etnografia Digital.

E o que temos visto são pais obedientes... Ou será que eles são os novos "bobões"?

Realmente, temos um paradoxo!


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