Gestão financeira : O impacto da bondade na planilha de projetos sociais

Todos sabemos que as pessoas boas são mais felizes. Por causa delas, todos os dias, milhões de projetos ficam de pé. Mas, ao elaborar as planilhas de projetos sociais, esta solidariedade se explicita em números. Percebo o impacto direto do trabalho dos líderes comunitários e de voluntários que doam tempo e trabalho, principalmente, na pré-produção, pós-produção e conservação do tecido social mobilizado/organizado. Não há números exatos, mas vejo que pelo menos, 30% do valor do total que uma entidade necessitaria para garantir a sustentação dos programas de atendimento a pessoas em situação de vulnerabilidade, tem origem nesta fonte.Estamos falando de reconhimento de impostos com pessoal e circulação de produtos.
De acordo com Kant, embora essas ações sejam condicionais, o sujeito, que tem fim em si mesmo, é produto delas e não um simples meio para alcançá-las. Isto é, os seres humanos são o fim de todas as ações. Mas o valor das ações também é condicional. Consequentemente, Kant fundamenta que ser fim em si mesmo é, ao mesmo tempo, um dever e um princípio prático supremo, não meramente subjetivo, da vontade humana. (FMC, AK428). Deste modo, para o filósofo, o imperativo prático das leis da vontade seria: “age de tal maneira que tomes a humanidade, tanto em tua pessoa, quanto na pessoa de qualquer outro, sempre ao mesmo tempo como fim, nunca meramente como meio”. (FMC, AK429, p. 243).***
Até 2010, quando ainda trabalhava como produtora cultural, estes 30% eram para o Plano de Mídia e Marketing. Hoje, temos profissionais que conseguem fazer o mesmo trabalho com o custo muito menor e, detalhe, com mais amor pelo que fazem. Tantas ferramentas foram criadas para facilitar a criação de peças, divulgação e engajamento... Com a internet essa realidade mudou. Temos acesso a estratégias que podem economizar e nos dar condições de investirmos no humano, em infra-estrutura, pesquisa e desenvolvimento humano. Mas, sabemos também que as plataformas digitais foram criadas para a geração de dados numéricos e não dados relacionados à generosidade. Tive o prazer de trabalhar como consultora técnica da equipe do Atlas de Desenvolvimento Humano, de 2013, pela Fundação João Pinheiro. Lidar com os indicadores me ensinou muito sobre em quais parâmetros devemos focar: longevidade, educação e renda. Em que isto importa? Na forma como tratamos os dados que oferecem "(...)um panorama do desenvolvimento humano dos municípios e a desigualdade entre eles em vários aspectos do bem-estar."** Portanto, quando gerenciamos o financeiro devemos observar: - a ausência dos recolhimentos de impostos que fazem toda diferença: as lideranças comunitárias e os voluntários que atuam para colocar o trabalho de pé (elaboração, implantação e lançamento), na folha de pessoal e insumos. Em um projeto de R$ 600.000,00 configura-se mais de quase R$180.000,00 sem que sequer as pessoas se deem conta disso. - quando a frequência do voluntariado e trabalho sem remuneração dos líderes continua na pós-produção e mantendo a entidade viva, não há como calcular, pois dai não há olhos para medir esforços, tempo e, principalmente, amor. Gratidão profunda a estes anjos, com certeza, invisíveis. Caro leitor, este artigo é uma provocação, assim sendo, considere que pode concordar, discordar e se colocar. Estamos em país livre e assim espero que continue, com a nossa atenção e atitude. **https://www.observatoriodasmetropoles.net.br/atlas-do-desenvolvimento-humano-no-brasil-2013/ ***Empatia & solidariedade [recurso eletrônico] / org. Cesar Augusto Erthal,
Marcelo Fabri, Paulo César Nodari. – Caxias do Sul, RS: Educs, 2019. Dados eletrônicos (1 arquivo).

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