Meu espírito empreendedor, onde está você? OU Patinho Feio, o Retorno.

Neste mês da criança, quero aproveitar a nossa identidade infantil e resgatar alguns contos para tratar de assuntos de adultos. Sérios. De uma nação de empreendedores que não se entendem assim e não se conhecem. Vou aproveitar-me, também, da minha formação como professora de História. Entenda, entre o 7 de setembro (Descoberta do Brasil) e 20 de novembro (Dia da Consciência Negra) nos perdemos da nossa raiz de grandes comerciantes, desbravadores, homens e mulheres corajosas dessa terra chamada Brasil. O espírito empreendedor dos Grandes Navegadores que desbravaram mares e as Quitandeiras que sustentaram o comércio interno na África e atravessaram o Atlântico para alavancar o pequeno comércio de delícias, desde a Bahia, passando por Minas Gerais e Rio de Janeiro, um hiato até a nossa história atual. Onde estão os herdeiros dos navegadores? E das Negras de Tabuleiro? Perderam-se? Em um país que investe pouco em educação financeira, o empreendedorismo individual, aqueles que se lançaram a essa aventura individual, os MEIs, sentem-se Patinhos Feios. Veja um resumo deste conto de fadas, coletada pelo escritor dinamarquês Hans Christian Andersen (1805-1875). Publicada pela primeira vez em 11 de Novembro de 1843 em Nye Eventyr. Første Bind. Første Samling. 1844: "Um filhote de cisne é chocado no ninho de uma pata. Por ser diferente dos demais filhotes, o pobrezinho é perseguido, ofendido e maltratado por todos os patos e outras aves. Um dia, cansado de tanta humilhação, foge do ninho. Durante a sua jornada, ele para em vários lugares, mas é mal tratado em todos que passava. Por fim, uma família de camponeses o encontra e ajuda-o acolhendo durante o inverno. Mas a família tem um gato que expulsou o patinho. Um dia, no entanto, deslumbrado com a beleza dos cisnes, o patinho feio decide ir até eles e percebe, espelhando-se na água, que ele não é mais um patinho feio (e que ele na verdade, nunca foi um pato), mas se tornou um magnífico cisne. Finalmente ele acaba sendo respeitado e se torna mais bonito do que nunca." Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Patinho_Feio Veja bem, no que diz respeito à sua carreira, seu ovo pode ter caído em famílias de nobres, funcionários públicos, trabalhadores de carteira assinada e um mar de pessoas que vivem na informalidade. Não de empresários. Respira... Pagamos um preço caro por não investirmos na nossa memória empreendedora. De homens de comércio e serviços que desbravaram este país, na versão século XXI. Muitos brasileiros, hoje, sentem-se deslocados no mercado por não conhecerem esta nossa raiz, linda, diga-se de passagem. Honesta, criativa e mais quaisquer outros adjetivos que caibam. Pois é necessário: CORAGEM. De mulheres que sustentaram e sustentam as famílias com seus quitutes, balangandãs e tabuleiros. Solenemente, peço pelo fim deste equívoco e que incluamos nas aulas de História do Empreendedorismo: Eduardo França Paiva*, Selma Pantoja**, Orlando Santos***. Assim, nos encontraremos no meio do caminho em 15 de novembro e resgatemos o Cisne Republicano que se perdeu. Somos milhões... Sou Lúcia Tânia Augusto e acabei de assumir-me como empreendedora. *PAIVA, Eduardo. França. Escravidão e universo cultural na colônia: Minas Gerais. **PANTOJA, Selma, 2001: “A dimensão atlântica das quitandeiras”, in Júnia Ferreira Furtado (org.) Diálogos Oceânicos. Minas Gerais e as Novas abordagens para uma história do império Ultramarino Português, Belo Horizonte: UGMG ***Mamãs quitandeiras, kínguilas e zungueiras: trajectórias femininas e quotidiano de comerciantes de rua em Luanda Resgate da memória histórica e mitica do empreendedorismo no Brasil.

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